quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Elenco da nova peça do TPI segue com preparação em ritmo acelerado



A preparação do elenco para o espetáculo 1789 – Engenho de Santana – Uma Revolução Histórica segue a todo vapor. Após as pesquisas históricas, através de encontros com especialistas sobre a Ilhéus colonial, no projeto de debates Improviso, Oxente! os atores, atrizes e músicos do Teatro Popular de Ilhéus (TPI) imergem cada vez mais na atmosfera da revolução dos escravos. O grupo ensaia quatro vezes por semana, às segundas e quartas-feiras na Casa dos Artistas e às terças e quintas-feiras no Terreiro Matamba Tombenci Neto. 

Prof. Marcelo Henrique Dias
O último Improviso, Oxente! foi com o historiador Marcelo Henrique Dias, que trouxe fragmentos da carta de reivindicações escrita por Gregório Luis, líder dos escravos do Engenho de Santana, em 1789. O documento apresenta 19 exigências para negociações. “É um dos poucos testemunhos escritos pela pena de um escravo”, destacou o pesquisador. O doutor em História também exibiu e comentou algumas correspondências de padres jesuítas que passaram pelo Engenho e descreviam o dia a dia do local. 

Segundo os documentos, os escravos do Engenho de Santana viviam a relação de trabalho chamada de “brecha camponesa”. Esse sistema permitia certa autonomia aos cativos, que dispunham de lotes de terra para plantações de próprio consumo e comercialização. “Era um incentivo para que continuassem trabalhando”, explicou Dias. 

O elenco já iniciou o processo de criação dos mondrongos, técnica utilizada pelo TPI como uma deformação da realidade. Em função isso, os artistas tentam equilibrar pedrinhas imaginárias no pescoço, cotovelos e joelhos. “Para que o público veja a realidade, é preciso que os atores se deformem”, explica o autor e diretor Romualdo Lisboa. 

A palavra mondrongo é definida pelos dicionários como “monstrengo; pessoa deformada” e aparece no poema Iararana, de Sosígenes Costa. Ele descreve o “bicho mondrongo” como a visão dos índios sobre os colonizadores europeus. 

Além de criarem seus personagens disformes, o elenco também participa de experimentações de dança e música afro com o Grupo Afro Cultural Dilazenze e Orquestra Afro Gongombia, ambos ligados ao Terreiro Matamba Tombenci Neto. O autor do espetáculo também não está perdendo tempo e aproveita a inspiração do processo criativo dos artistas para escrever o texto, que ganha suas primeiras dezenas de páginas.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Engenho de Santana fará primeiro ensaio nesta quinta




O elenco do espetáculo 1789 – Engenho de Santana – Uma Revolução Histórica estará reunido nesta quinta-feira (15) para seu primeiro ensaio. As improvisações artísticas acontecerão a partir das 19 horas, na Casa dos Artistas de Ilhéus, substituindo o projeto Improviso, Oxente!, que foi transferido para a próxima semana. “Atores e músicos farão experimentações a partir das pesquisas históricas das últimas discussões”, informou o autor e diretor, Romualdo Lisboa. 

O processo de montagem na nova peça do Teatro Popular de Ilhéus (TPI) começou com os debates Improviso, Oxente!, trazendo especialistas sobre o período histórico e o evento inspiradores do espetáculo. No último dia 08, esteve presente o arqueólogo Elvis Barbosa, que abordou “O Engenho de Santana – sua dinâmica e suas estruturas no período colonial”. 

O pesquisador descreveu as características e disposição geográfica do Engenho de Santana, diferentes do padrão apresentado pelos livros didáticos. Os escravos moravam em casas, ao invés de senzalas, localizadas em terreno íngreme e dispostas em três ruas. A casa do administrador não tinha visão para as residências, sugerindo que os cativos tinham mais liberdade que dos demais engenhos brasileiros. 

De acordo com o professor Elvis Barbosa, a história de Ilhéus pode ser contada antes e depois da cacauicultura. “Muito de antes do cacau é desconhecido ou foi apagado”, relatou. Ele disse que a lavoura cacaueira dificulta o encontro de vestígios do Engenho de Santana, que chegou a ser um dos principais produtores de açúcar da Bahia, no período colonial. “Quem conhece uma roça de cacau sabe que o solo é coberto por muito sedimento. A arqueologia trabalha com escavações. É difícil convencer os produtores a tirar alguns cacaueiros para procurarmos materiais”, explicou. 



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Engenho de Santana em debate no Improviso, Oxente! desta quinta


O projeto de debates Improviso, Oxente! segue com a pesquisa histórica para montagem do próximo espetáculo do Teatro Popular de Ilhéus (TPI): 1789 – Engenho de Santana – Uma Revolução Histórica. Nesta quinta-feira (08), o grupo recebe o arqueólogo Elvis Barbosa, que falará sobre “O Engenho de Santana – sua dinâmica e suas estruturas no período colonial”. As discussões, sempre acompanhadas de música e improvisações artísticas começam às 19 horas, na Casa dos Artistas de Ilhéus. A entrada é franca. 

Profs. Arléo Barbosa e Marcelo Henrique Dias
No último Improviso, Oxente! o historiador Arléo Barbosa abordou “A Capitania de São Jorge no contexto do comércio açucareiro”. Ele fez uma contextualização histórica de como o açúcar era um artigo valioso na Europa do século XVI e como a capitania de Ilhéus foi uma das pioneiras no cultivo de cana-de-açúcar no Brasil colonial. 

O professor explicou que, na época da revolta dos escravos do Engenho de Santana, no século XVIII, a produção açucareira estava se recuperando de um período de queda. “Em Ilhéus, deveria ser produzido milho e farinha para abastecer os engenhos do recôncavo. Mas, com a decadência da produção de cana no Caribe, o Engenho de Santana ressurgiu com pujança”, informou. 

Além de Arléo Barbosa, o projeto Improviso, Oxente! também contou com a participação do historiador Marcelo Henrique Dias, que será um dos consultores do TPI ao longo da montagem do espetáculo histórico. Ele falou que esteve recentemente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal, revendo correspondências e documentos jesuíticos relacionados ao Engenho de Santana. Com a orientação do pesquisador, o Teatro Popular de Ilhéus poderá compreender o clima de tensão da época da primeira greve feita brasileira, organizada pelos escravos do engenho que existiu por 300 anos. 

Mas o Improviso, Oxente! não fica apenas restrito às falas dos convidados. O grupo afro Dilazenze, juntou-se aos músicos e artistas do Teatro Popular de Ilhéus, para abrilhantar ainda mais o encontro. O grupo faz parte do Terreiro Matamba Tombenci Neto, que também está envolvido na montagem do TPI. 


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Teatro Popular de Ilhéus monta peça sobre greve dos escravos


Primeira reunião do elenco
A primeira greve do Brasil, feita pelos escravos do Rio do Engenho, será o tema da próxima montagem do Teatro Popular de Ilhéus (TPI). Intitulado 1789 – Engenho de Santana – uma Revolução Histórica, o espetáculo trará uma releitura sobre o acontecimento da Ilhéus colonial. O processo de produção começou na noite do último dia 30, com apresentação ao elenco e técnicos do cronograma de atividades até a estreia, em março de 2013. A reunião aconteceu no auditório Fernando Leite Mendes, na Fundação Cultural de Ilhéus. 

Nesta quinta-feira (1º), começam as pesquisas histórica, através do projeto de debates Improviso, Oxente!, na Casa dos Artistas. Às 19 horas, o professor Arléo Barbosa estará na Casa dos Artistas falando sobre “A Capitania de São Jorge no contexto do comércio açucareiro”. As discussões são semanais e abertas ao público. 

Mãe Ilza Mukalê
Assim como os demais espetáculos do Teatro Popular de Ilhéus, 1789 – Engenho de Santana – uma Revolução Histórica começará com a análise não apenas do fato que inspira a obra artística, mas também sobre o contexto histórico da época. Os estudos do elenco terão suporte do historiador Marcelo Henrique Dias e do arqueólogo Elvis Barbosa. O Terreiro Matamba Tombeci Neto, remanescente do Engenho de Santana, também estará envolvido no processo. “Em 2008, fizemos uma série de debates no projeto Improviso, Oxente! sobre o tema. Agora, aprofundaremos ainda mais a pesquisa”, informou o autor e diretor Romualdo Lisboa. 

A peça foi uma das contempladas do edital setorial de teatro do Fundo de Cultura da Bahia e será produzida por Pawlo Cidade, da Associação Comunidade Tia Marita, entidade sociocultural. Entre mais de 200 propostas apresentadas, a montagem do TPI foi a única selecionada do Litoral Sul. No ano passado, o esboço do texto venceu o edital de Apoio ao Desenvolvimento de Textos Dramatúrgicos no Estado da Bahia, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, e norteará a construção do espetáculo. 
O autor e diretor Romualdo Lisboa e o produtor Pawlo Cidade


A história 

A montagem começará numa fábrica de chocolate em Ilhéus no ano 2089, com os funcionários insatisfeitos, lembrando-se do ato histórico ocorrido 300 anos antes. Então, haverá um salto temporal que contará como aconteceu a rebelião dos escravos do Engenho de Santana, que dominaram o local por dois anos, reivindicando melhorias trabalhistas numa carta. 

Para Romualdo Lisboa, a relação entre o Engenho e uma fábrica permitirá um entendimento melhor a respeito da mobilização social como mecanismo de transformação histórica, econômica e social. “Tanto o engenho de açúcar quanto a indústria de cacau tiveram grande relevância para Ilhéus. Precisamos, hoje, promover revoluções, não como as provocadas pela opressão de tiranos, mas pequenas revoluções cotidianas, de ideias e comportamento”, explicou.